Receber a notícia de uma demissão por justa causa é, sem dúvida, um balde de água fria. O impacto financeiro é imediato e costuma ser pesado, já que o trabalhador perde o acesso a direitos essenciais como aviso prévio, a multa de 40% do FGTS e o seguro-desemprego. Entender seus justa causa direitos é o primeiro passo para não ser lesado.
Ainda assim, é crucial entender que nem tudo está perdido. Mesmo na pior das hipóteses, alguns direitos são garantidos, como o saldo de salário e as férias vencidas (se você tiver). Este guia vai te ajudar a entender o que é seu por direito e como agir.
Acesso Rápido
- 1 O que é demissão por justa causa e quais os seus direitos?
- 2 Faltas graves que justificam a justa causa segundo a CLT
- 3 O impacto financeiro da justa causa: o que está em jogo?
- 4 Como contestar uma demissão por justa causa passo a passo
- 5 E se a Justiça reverter a justa causa? O que acontece na prática?
- 6 Perguntas Frequentes Sobre Justa Causa Direitos
- 7 Conclusão
O que é demissão por justa causa e quais os seus direitos?
Pense na demissão por justa causa como a penalidade máxima que um empregador pode aplicar. É a quebra total do vínculo de confiança, e não acontece por qualquer deslize. Para que seja válida, o motivo precisa ser uma falta grave, daquelas listadas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Imagine a relação de trabalho como um contrato baseado em confiança mútua. A justa causa acontece quando uma das partes – no caso, o funcionário – comete um ato que torna a continuidade dessa relação insustentável. O efeito disso é direto e impacta significativamente os justa causa direitos do trabalhador.
A diferença fundamental no momento da rescisão
Quando um desligamento ocorre sem um motivo grave, a lei protege o trabalhador. Existe uma série de verbas rescisórias pensadas para dar um suporte financeiro enquanto a pessoa busca uma nova oportunidade. É um colchão de segurança.
Na justa causa, esse colchão praticamente não existe. A proteção é drasticamente reduzida porque o objetivo da lei é punir a conduta faltosa. Entender essa diferença é o primeiro passo para saber se a sua demissão foi correta e o que fazer a seguir.
O cenário atual das demissões no Brasil
E não pense que a justa causa é um evento raro. Pelo contrário, é uma realidade cada vez mais presente no mercado de trabalho. Para se ter uma ideia, o Brasil registrou recentemente um recorde no número de demissões por justa causa, com 39.511 casos apenas em janeiro, o maior número desde 2004. Isso representa 2,09% de todos os desligamentos.
O dado acende um alerta: é vital que os trabalhadores conheçam seus justa causa direitos para se protegerem. Se quiser saber mais, você pode ler o levantamento completo sobre o recorde de demissões.
A demissão por justa causa deve ser sempre o último recurso do empregador. Ela só pode ser aplicada após uma análise cuidadosa da gravidade do ato, da proporcionalidade da punição e do histórico do colaborador.
Compreender o que é seu por direito é crucial. Mesmo diante de uma falta grave, a legislação trabalhista garante um mínimo. Vamos detalhar o que você não perde:
- Saldo de salário: É o pagamento referente aos dias que você efetivamente trabalhou no mês da demissão. Isso é sagrado.
- Férias vencidas + 1/3: Se você já tinha completado o período de 12 meses de trabalho para tirar férias, mas ainda não tinha gozado delas, esse direito está garantido.
Saber o que a lei diz sobre os justa causa direitos é o que te dá clareza para analisar a situação, identificar se algo foi feito de forma irregular e, se for o caso, lutar para reverter a decisão e garantir todas as verbas que seriam suas.
Faltas graves que justificam a justa causa segundo a CLT
A demissão por justa causa não pode, de forma alguma, ser uma decisão arbitrária do chefe. Para que tenha validade, a atitude do trabalhador precisa se encaixar como uma luva em uma das faltas graves descritas no Artigo 482 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Esse artigo funciona como um cardápio fechado, definindo exatamente quais são os limites para aplicar essa penalidade máxima.

Mas não basta a falta ter acontecido. A empresa tem o dever de provar o que houve e, mais importante, agir de forma proporcional e imediata. Um erro que você cometeu meses atrás, por exemplo, não pode virar desculpa para uma demissão hoje. A punição precisa ser "quente", logo após o ato.
Para garantir a proteção dos justa causa direitos, nossa legislação é bem específica. A CLT, criada lá em 1943, é a base de tudo e reflete um longo histórico de lutas por direitos aqui no Brasil. Se quiser entender melhor essa jornada, vale a pena conhecer a história dos direitos trabalhistas no país.
Para deixar tudo mais claro, vamos detalhar as principais faltas graves que a lei prevê.
Principais motivos para justa causa e exemplos práticos
A lista do Art. 482 é longa e cheia de termos que podem parecer complicados à primeira vista. Por isso, preparei uma tabela que resume as situações mais comuns e traz exemplos do dia a dia para você entender exatamente do que estamos falando.
| Motivo (Art. 482 da CLT) | Descrição da falta | Exemplo prático |
|---|---|---|
| Ato de improbidade | Ação desonesta para obter vantagem, causando prejuízo à empresa. | Desviar dinheiro do caixa, furtar produtos do estoque, falsificar um atestado médico. |
| Incontinência de conduta ou mau procedimento | Comportamento inadequado, imoral ou desrespeitoso no ambiente de trabalho. | Assediar sexualmente um colega, brigar fisicamente com alguém, usar linguajar ofensivo constantemente. |
| Negociação habitual | Fazer negócios próprios no horário de trabalho, concorrendo com a empresa. | Um vendedor de uma loja de eletrônicos que vende aparelhos por conta própria para os clientes da loja. |
| Condenação criminal | Ser condenado a uma pena de prisão que impeça o trabalho, sem chance de recurso. | Um motorista de ônibus que é preso em regime fechado e, obviamente, não pode mais dirigir. |
| Desídia no desempenho das funções | Preguiça, negligência e falta de comprometimento de forma repetida. | Atrasar todos os dias, faltar sem justificativa, entregar trabalhos com erros grosseiros por pura desatenção. |
| Embriaguez habitual ou em serviço | Comparecer ao trabalho bêbado ou ter um vício que afeta o desempenho. | Operar uma máquina sob efeito de álcool, o que coloca a si mesmo e aos outros em risco. |
| Violação de segredo da empresa | Vazar informações confidenciais para a concorrência ou terceiros. | Um programador que entrega o código-fonte de um software para uma empresa concorrente. |
| Ato de indisciplina ou de insubordinação | Desrespeitar regras gerais (indisciplina) ou ordens diretas (insubordinação). | Recusar-se a usar o uniforme obrigatório (indisciplina) ou ignorar uma ordem direta do seu gestor (insubordinação). |
| Abandono de emprego | Faltar ao trabalho por mais de 30 dias seguidos, sem justificativa, demonstrando que não quer voltar. | O funcionário simplesmente para de aparecer na empresa e não dá nenhuma satisfação por mais de um mês. |
| Ato lesivo da honra ou da boa fama | Ofender física ou verbalmente colegas, superiores ou o empregador no ambiente de trabalho. | Xingar o chefe durante uma discussão na frente de toda a equipe. |
| Prática constante de jogos de azar | Jogar de forma viciada no ambiente de trabalho, atrapalhando a rotina. | Passar o dia apostando em sites de jogos online no computador da empresa em vez de trabalhar. |
Essa tabela ajuda a visualizar os motivos mais comuns, mas a análise de cada caso é sempre única. Por exemplo, a desídia não é um único erro.
A desídia é um padrão de comportamento. Ela se comprova por um histórico de atrasos, faltas, produção ruim e desleixo, mesmo depois de o funcionário ter sido alertado várias vezes.
Para que uma demissão por desídia seja válida, a empresa precisa ter um histórico que mostre que tentou corrigir a situação antes, com advertências e suspensões. Não pode simplesmente pular para a justa causa na primeira falha.
Compreender esses motivos é o primeiro passo para você conseguir analisar se a acusação da empresa tem base legal e se a punição foi aplicada do jeito certo.
O impacto financeiro da justa causa: o que está em jogo?
Uma demissão por justa causa vai muito além do abalo emocional. O golpe mais duro, na maioria das vezes, é no bolso. Para ter uma ideia clara do estrago, é preciso colocar na ponta do lápis o que se recebe (e o que se perde) em comparação com uma dispensa normal. A diferença é gigantesca e pode comprometer sua segurança financeira da noite para o dia.
O principal problema é que a justa causa derruba toda a rede de proteção que a legislação trabalhista criou para amparar o trabalhador nesse momento de transição. Direitos que servem como um fôlego financeiro enquanto você procura um novo emprego simplesmente desaparecem.
Isso acontece porque a lei entende a falta grave como uma quebra de contrato iniciada pelo próprio empregado. Com isso, a empresa fica desobrigada de pagar a maior parte das verbas indenizatórias.
As verbas rescisórias que você perde com a justa causa
Quando a demissão ocorre sem um motivo grave, o trabalhador tem direito a um pacote de verbas para garantir sua estabilidade. Na justa causa, o cenário é outro, bem mais restrito.
Veja o que você deixa de receber:
- Aviso Prévio Indenizado: A empresa não precisa pagar o salário referente aos 30 dias de aviso.
- Multa de 40% sobre o FGTS: Aquele valor extra, calculado sobre todo o dinheiro depositado no seu Fundo de Garantia, não é pago.
- Saque do FGTS: Você perde o direito de sacar o saldo acumulado. O dinheiro fica retido na conta, e isso é um dos maiores impactos.
- Seguro-Desemprego: As guias para solicitar o benefício não são fornecidas, deixando você sem esse auxílio crucial.
- 13º Salário Proporcional: O pagamento referente aos meses trabalhados no ano da demissão também é perdido.
- Férias Proporcionais + 1/3: As férias relativas ao período que ainda não completou 12 meses não são pagas.
A lista já mostra por que o impacto é tão drástico. Entender cada um desses direitos na justa causa que são cortados é fundamental.
A perda do direito ao saque do FGTS e ao seguro-desemprego são, sem dúvida, os dois maiores golpes. São os principais pilares de sustentação financeira durante a busca por uma nova oportunidade.
Comparativo de verbas rescisórias: justa causa vs. sem justa causa
Para visualizar a diferença de forma ainda mais clara, montamos uma tabela. Ela mostra, lado a lado, o que um trabalhador recebe em cada cenário, destacando a perda de direitos essenciais na justa causa.
Comparativo de verbas rescisórias justa causa vs sem justa causa
| Verba Rescisória | Direito na Demissão SEM Justa Causa | Direito na Demissão COM Justa Causa |
|---|---|---|
| Saldo de Salário | Sim | Sim |
| Férias Vencidas + 1/3 | Sim (se houver) | Sim (se houver) |
| Aviso Prévio | Sim (trabalhado ou indenizado) | Não |
| 13º Salário Proporcional | Sim | Não |
| Férias Proporcionais + 1/3 | Sim | Não |
| Saque do FGTS | Sim | Não |
| Multa de 40% do FGTS | Sim | Não |
| Guias do Seguro-Desemprego | Sim (se preencher os requisitos) | Não |
Como a tabela deixa claro, a dispensa por justa causa elimina praticamente todas as verbas indenizatórias, sobrando apenas o pagamento pelo trabalho que já foi efetivamente realizado.
O que é garantido mesmo na justa causa
Apesar das perdas serem grandes, é crucial saber que nem tudo está perdido. A lei garante um mínimo, que é o pagamento pelo trabalho que você já entregou.
Independentemente do motivo da demissão, a empresa é obrigada a pagar:
- Saldo de Salário: É o pagamento proporcional aos dias que você trabalhou no mês da dispensa.
- Férias Vencidas + 1/3: Se você já tinha completado os 12 meses de trabalho para ter direito a férias, mas ainda não as tirou, a empresa precisa pagar por elas.
Esses dois itens são direitos adquiridos e devem ser pagos pela empresa no prazo de até 10 dias corridos a contar da data da demissão. Conhecer essa distinção é o primeiro passo para avaliar se seus direitos mínimos foram respeitados e começar a planejar os próximos passos.
Como contestar uma demissão por justa causa passo a passo
Se você recebeu a notícia de uma demissão por justa causa e acredita que foi uma decisão injusta, saiba que não precisa aceitar a situação de braços cruzados. Existe um caminho claro para lutar pelos seus justa causa direitos, e vou te mostrar como percorrê-lo.
O processo exige organização e a orientação certa, mas a recompensa pode ser a recuperação de todas as verbas rescisórias que lhe foram negadas. Pense nisso como um quebra-cabeça: cada peça é crucial para formar a imagem completa e garantir seu direito.
A primeira etapa, e talvez a mais importante, é a organização. Antes mesmo de pensar em entrar na justiça, comece a juntar tudo o que puder para provar a sua versão dos fatos. É como construir a fundação de uma casa: sem uma base sólida, todo o resto pode desmoronar.
Isso inclui e-mails, mensagens de WhatsApp, gravações de áudio ou vídeo (desde que você seja um dos participantes da conversa), documentos e, algo fundamental, os nomes e contatos de testemunhas que viram o que aconteceu e podem confirmar sua história.
A importância da assessoria jurídica especializada
Com as provas iniciais em mãos, o próximo passo é indispensável: procurar um advogado especialista em direito do trabalho. Este profissional será seu principal aliado, analisando o caso com o olhar da lei e das decisões judiciais mais recentes.
É ele quem vai identificar as chances reais de sucesso e explicar como funciona uma ação para reverter a justa causa. Tentar fazer isso sozinho é um risco enorme. A legislação trabalhista é complexa, cheia de detalhes técnicos que podem fazer toda a diferença. Um advogado sabe como apresentar as provas, argumentar contra a empresa e garantir que nenhum prazo seja perdido.
O papel do advogado vai muito além de simplesmente entrar com o processo. Ele age como um estrategista, montando a melhor defesa possível para garantir que seus direitos sejam totalmente restabelecidos.
Abaixo, detalhamos o fluxo de ações que você deve seguir, desde a coleta de documentos até a busca por seus direitos na justiça.
O passo a passo para contestar a justa causa
Contestar uma demissão não acontece da noite para o dia, mas seguir uma ordem lógica aumenta, e muito, suas chances de sucesso. Cada etapa tem seu peso na construção de um caso sólido.
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Reúna toda a documentação: Organize todos os papéis do seu vínculo de emprego: contrato, holerites e, principalmente, a carta de demissão que informa o motivo da justa causa. Junte a isso todas as provas que você conseguiu coletar (e-mails, mensagens, etc.).
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Procure um advogado trabalhista: Marque uma consulta com um especialista. Leve toda a documentação e explique em detalhes o que aconteceu. Seja totalmente honesto e não esconda nada, pois isso é vital para que ele possa avaliar o caso corretamente.
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Fique de olho no prazo: Você tem até dois anos, contados a partir da data da demissão, para entrar com uma ação na Justiça do Trabalho. Perder esse prazo significa perder o direito de contestar. É um prazo fatal.
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Ajuizamento da Reclamação Trabalhista: Se o advogado concluir que seu caso tem fundamento, ele vai preparar e protocolar a petição inicial na Justiça do Trabalho. Nesse documento, ele contará sua versão dos fatos, apresentará as provas e pedirá ao juiz a reversão da justa causa e o pagamento de todas as verbas devidas.
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Audiência e instrução processual: O próximo passo é a audiência. Lá, pode haver uma tentativa de acordo. Se não rolar, o juiz vai ouvir as partes e as testemunhas. É nesse momento que suas provas serão cruciais para convencer o magistrado.
A imagem abaixo mostra o tamanho do impacto financeiro de uma demissão com e sem justa causa. Fica claro o que está em jogo.

A imagem não mente: lutar pelos seus direitos na justa causa é, na prática, lutar pela sua estabilidade financeira e por uma rescisão que seja, de fato, justa.
O que esperar do processo na Justiça do Trabalho
Um processo trabalhista pode levar tempo. Depois da audiência, o juiz dará sua sentença. Se for favorável a você, a justa causa será revertida e a empresa será condenada a pagar tudo o que foi tirado: aviso prévio, multa de 40% do FGTS, guias do seguro-desemprego, e por aí vai.
Mas atenção: mesmo depois da sentença, a empresa ainda pode recorrer da decisão. É por isso que ter um advogado experiente ao seu lado é fundamental em todas as fases, garantindo que seus interesses sejam defendidos até o fim do processo.
E se a Justiça reverter a justa causa? O que acontece na prática?
Muitos trabalhadores pensam duas vezes antes de contestar uma demissão por justa causa. O motivo? Geralmente, não sabem o que podem ganhar com isso. A verdade é que uma vitória no tribunal não só corrige uma injustiça, mas restaura completamente seus direitos financeiros, transformando um cenário de perdas em uma rescisão completa e vantajosa.
Quando um juiz decide reverter a demissão, ela deixa de ser "por justa causa" e, para todos os efeitos legais, passa a ser uma demissão sem justa causa. Na prática, isso obriga a empresa a pagar tudo aquilo que foi negado lá no momento do desligamento. O impacto no seu bolso é enorme e imediato.
Essa mudança de status é o ponto-chave para entender por que vale a pena lutar pelos seus direitos.
Recuperando todas as verbas rescisórias
Com a reversão da justa causa, a empresa é obrigada a pagar o pacote completo de verbas. É como se o tempo voltasse e sua demissão seguisse as regras normais, com toda a proteção que a lei oferece ao trabalhador.
Isso significa que você passa a ter direito a receber:
- Aviso Prévio Indenizado: No mínimo, 30 dias de salário, mais 3 dias para cada ano completo de trabalho na empresa.
- Saque do FGTS: A liberação imediata de todo o saldo que está parado na sua conta do Fundo de Garantia.
- Multa de 40% sobre o FGTS: Um valor extra, pago pela empresa, calculado sobre tudo o que foi depositado no seu FGTS durante o contrato.
- Guias para o Seguro-Desemprego: A empresa terá que fornecer os documentos para você solicitar o benefício e ter um fôlego financeiro enquanto busca outra oportunidade.
- Férias Proporcionais + 1/3: O pagamento pelo período de férias que você ainda não tinha tirado.
- 13º Salário Proporcional: O valor correspondente aos meses que você trabalhou no ano da demissão.
Basicamente, a reversão na Justiça devolve todos os direitos que a justa causa tirou, colocando você na mesma posição financeira de um colega que foi demitido sem ter cometido nenhuma falta grave.
A chance de receber uma indenização por danos morais
Além de recuperar as verbas, reverter a justa causa pode abrir a porta para outro direito importante: a indenização por danos morais. Não é algo automático, mas se torna uma possibilidade real quando a acusação da empresa foi grave, humilhante ou falsa.
Essa indenização serve para compensar o trabalhador pelo abalo psicológico, pelo prejuízo à sua imagem e pela mancha na sua honra profissional.
O dano moral acontece quando a justa causa é aplicada de forma abusiva. Ou seja, quando a empresa extrapola o simples ato de demitir e atinge a dignidade do profissional com acusações vexatórias ou infundadas.
Para que o pedido de dano moral seja aceito, é preciso provar que a atitude da empresa realmente prejudicou sua reputação e causou um constrangimento real.
Quando o dano moral costuma ser aplicado?
A Justiça do Trabalho é bastante criteriosa, mas costuma conceder indenizações em situações bem específicas, onde a ofensa ao trabalhador fica clara.
Alguns exemplos comuns incluem:
- Acusações de desonestidade não provadas: Ser demitido por furto, fraude ou qualquer ato de improbidade que a empresa não consegue provar no processo.
- Exposição vexatória: Quando a empresa espalha o motivo da demissão para outros colegas de forma humilhante.
- Acusações que mancham a reputação profissional: Ser taxado de incompetente ou negligente publicamente, o que pode queimar seu filme no mercado de trabalho.
- Divulgação de informações falsas: A empresa espalha boatos ou mentiras sobre o motivo do seu desligamento.
Se você passou por algo parecido, reverter a justa causa se torna ainda mais crucial. Além de garantir seu dinheiro, a ação pode trazer uma reparação pelo constrangimento sofrido. É uma forma de a justiça reconhecer que a empresa passou dos limites e agiu de má-fé.
Perguntas Frequentes Sobre Justa Causa Direitos
Para fechar nosso guia, separei as dúvidas que mais aparecem aqui no escritório quando o assunto é justa causa direitos. A ideia é dar respostas diretas e práticas para você entender o que está acontecendo, se proteger e tomar as decisões certas.
Encarar uma demissão por justa causa é um turbilhão de emoções e incertezas, então é normal ter um monte de perguntas. Questões sobre o impacto de faltas, anotações na carteira e os prazos para receber a rescisão são sempre as primeiras a surgir e merecem toda a atenção.
Meu objetivo aqui é jogar uma luz sobre esses pontos e trazer um pouco de clareza. Com a informação correta, você ganha segurança para avaliar se a sua demissão seguiu as regras e para identificar qualquer brecha que possa levar à reversão da penalidade.
Vamos direto ao ponto.
A empresa pode me demitir por justa causa por algumas faltas?
Sim, mas não é tão simples assim. A demissão por justa causa por faltas raramente se sustenta com um único vacilo. O mais comum é que ela se enquadre no que a lei chama de "desídia", que nada mais é do que a repetição de pequenas falhas, como atrasos e ausências sem justificativa que se tornam um hábito.
Para a demissão valer, a empresa precisa mais do que apontar o dedo. Ela tem que provar que existe um histórico de comportamento relaxado do funcionário. E mais importante: precisa demonstrar que tentou corrigir o problema com punições mais leves antes de partir para a medida mais drástica.
Essa escadinha de punições costuma seguir uma lógica:
- Advertência verbal: Um primeiro toque, mais informal, sobre o problema.
- Advertência por escrito: A coisa fica séria. A queixa é formalizada e entra para a sua ficha.
- Suspensão: Um afastamento do trabalho, sem salário, geralmente por um a três dias.
- Demissão por justa causa: O último recurso, quando nada mais funcionou.
Uma única falta, a não ser que tenha causado um prejuízo gigantesco e imediato para a empresa, quase nunca justifica uma justa causa. O segredo aqui está na repetição do erro e na falta de mudança de atitude depois dos avisos.
A demissão por justa causa suja a carteira de trabalho?
De jeito nenhum. Esse é um dos maiores mitos sobre o assunto e o que mais apavora o trabalhador. A lei é cristalina: é proibido fazer qualquer tipo de anotação que desabone o profissional na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), seja a de papel ou a digital.
O empregador não pode, em hipótese alguma, escrever o motivo do seu desligamento ali. A única informação que deve constar é a data de saída, sem qualquer menção à justa causa ou ao artigo da CLT que a motivou.
A carteira de trabalho serve para registrar seus vínculos de emprego, e não para criar uma "lista suja" de profissionais. Usá-la para prejudicar um ex-funcionário é uma prática ilegal e que pode gerar processos.
Se uma empresa fizer esse tipo de anotação, ela está cometendo um ato ilícito. O trabalhador que passar por isso pode (e deve) procurar a Justiça do Trabalho para exigir a correção da anotação e, inclusive, pedir uma indenização por danos morais, já que isso claramente atrapalha na hora de conseguir um novo emprego.
Qual o prazo para a empresa pagar a rescisão por justa causa?
O prazo é o mesmo de qualquer outra demissão: a empresa tem até 10 dias corridos para fazer o pagamento, contando a partir do dia seguinte ao fim do contrato.
O que muda na justa causa é o valor a ser recebido, que é bem mais enxuto. Você terá direito apenas ao:
- Saldo de salário: O pagamento pelos dias que você trabalhou no mês da demissão.
- Férias vencidas + 1/3: Apenas se você tiver algum período de férias que já tinha direito de tirar, mas ainda não tirou.
E se a empresa não pagar nesses 10 dias? Ela fica sujeita a uma penalidade. A lei prevê uma multa no valor de um salário seu, que deve ser paga diretamente a você como compensação pelo atraso. É um direito seu, fique de olho.
Usar o celular no trabalho pode gerar uma justa causa?
Depende. Usar o celular, por si só, não é uma falta grave. O problema começa quando a empresa tem uma política interna clara que proíbe ou limita o uso durante o expediente e o funcionário ignora essa regra várias e várias vezes.
Nesse caso, a atitude pode ser vista como um ato de indisciplina. E, assim como nas faltas, a empresa precisa ter bom senso e seguir a lógica da punição gradual. Seria um exagero aplicar a justa causa na primeira vez que um funcionário é visto no celular.
O caminho correto para o empregador é advertir verbalmente, depois por escrito e, se o comportamento não mudar, aplicar uma suspensão. A demissão só se torna uma opção real se, mesmo depois de tudo isso, o funcionário continuar a desrespeitar as regras.
Claro, uma olhadinha rápida ou o uso durante a pausa para o café dificilmente justificaria algo tão sério. A coisa muda de figura se o uso do aparelho coloca a segurança em risco (pense num operador de máquina pesada) ou se expõe informações confidenciais da empresa.
Conclusão
A demissão por justa causa é uma das áreas mais delicadas do direito trabalhista. Se você sente que a punição foi exagerada ou que seus direitos foram ignorados, o passo mais inteligente é procurar ajuda especializada. Um advogado poderá analisar os detalhes e definir a melhor forma de reverter a situação.
No Pedro Miguel Law, nossa equipe de especialistas está pronta para oferecer o suporte jurídico que você precisa, investigando cada ponto do seu caso para garantir que seus direitos sejam defendidos. Proteja seu futuro profissional e financeiro.
Entre em contato conosco e agende uma consulta para avaliar sua situação.
